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Chapéu
Banco do Brasil

30º CNFBB debate conjuntura nacional

Linha fina
Governo prega violência e desmonte do Estado; esquerda precisa entender o momento e se reinventar para dialogar com a sociedade
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Foto: Contraf-CUT

As reflexões trazidas ao 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, pelo professor Moisés Marques, da Faculdade 28 de Agosto, apontam que os movimentos de esquerda estão com dificuldades de entender as mudanças que estão ocorrendo na sociedade e para dialogar, principalmente com as novas gerações, que nasceram em uma era de inovações tecnológicas.

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As adequações são necessárias para o enfrentamento dos retrocessos nos direitos e conquistas dos trabalhadores e de desmonte do Estado, promovidos pelo governo Bolsonaro. “Os ataques estão acontecendo. A reforma trabalhista foi aprovada, agora vão tentar aprovar a reforma da Previdência, e aí? Vamos passar agosto esperando setembro”, disse o professor ao lembrar da letra da música Bandeira, de Zeca Baleiro.

O professor comparou as realidades do Brasil e da China. Ele observou que a China cresce em torno de 6% ao ano e duplicou a sua renda em 30 anos. “Esse crescimento é baseado em um modelo de gestão pública que é oposta ao que é adotado neste momento no Brasil”, disse.

Ao analisar os bancos chineses, Moisés destacou que as principais instituições financeiras daquele país são públicas. Segundo o professor, a falta de critérios para a escolha de representantes políticos no Brasil contribui para que nosso país siga na contramão dos caminhos trilhados pela China, citando como exemplo a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República.

“Precisamos encontrar uma maneira de mostrar para a sociedade a importância dos bancos e de outras empresas públicas. As pessoas precisam ver o quanto vão perder com essa política de desmonte do Estado e dos direitos dos trabalhadores”, disse.

Desemprego

O professor lembrou que, apesar de ter havido uma leve redução na taxa de desemprego, houve piora na renda dos brasileiros. “Isso quer dizer que as vagas que estão sendo criadas são de subempregos”.

Os dados apontam que a maioria das pessoas desempregadas no Brasil é composta de mulheres, jovens, negros e pessoas com menor grau e escolaridade. “Metade dos ocupados está no mercado informal, nem sabe o que é Previdência”, disse o professor.

“Precisamos conversar com essas pessoas e tentar informá-las sobre seus direitos, que estão em risco. Fazer uma campanha para lutar contra os ataques que estão sendo desferidos contra os bancos públicos”, afirmou.

21ª Conferência Nacional dos Bancários começa na noite desta sexta 2 e vai até domingo 4

Moisés disse ainda que é preciso buscar formas para dialogar com os mais jovens. Para o professor, uma alternativa é mostrar o quanto esse governo é autoritário. “Eles não suportam autoritarismo, foram criados de forma diferente”.

Ascenção das redes sociais

Segundo Moisés Marques, 20% das pessoas que estão nas redes sociais seguem Bolsonaro. “Bolsonaro ganhou as eleições com uma campanha realizada pelas redes sociais, e um discurso que pregava o medo, a tristeza, a raiva e o desgosto com a corrupção e a promoção de mudança, mas sem apresentar propostas concretas para que estes anseios se tornassem realidade”, disse.

O professor apresentou dados do Data Folha, que mostram que cerca de 30% dos usuários das redes sociais na época da eleição relataram sentir confiança em relação a Bolsonaro. Já os outros 70% expressaram medo e tristeza. Os dados mostram ainda que a maioria de seus eleitores eram homens brancos, jovens e que consideravam que até então o governo só havia beneficiado as minorias.

Para Moisés Marques é preocupante o crescimento do discurso da extrema direita em todo o mundo. “Em dezembro do ano passado, uma espécie de ‘Tiririca da Ucrânia’ se candidatou e se elegeu presidente daquele país. A estratégia foi a mesma: sem programa, usando as redes sociais”, disse.

Esta mesma estratégia, faz a extrema direita avançar na Europa. O professor disse que a extrema direita avança com a promessa de acabar com a corrupção. “Todo mundo aplaude qualquer maluco que diz que vai melhorar a economia, só depois vão perceber que esses políticos eram malucos”, afirmou. “Precisamos encontrar formas para mostrar a maluquice destes candidatos antes que as pessoas os elejam”, finalizou.

As atividades do 30º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil prosseguem até sexta-feira 2, quando os delegados e delegadas aprovarão as estratégias e plano de atividades de defesa dos direitos e conquistas dos funcionários.

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