São Paulo – Demissões discriminatórias, assédio moral, dificuldades em subir na carreira. Esta é a realidade enfrentada por pessoas com deficiência (PCD) que trabalham no Itaú, segundo um bancário que foi desligado do banco. “Eles só nos contratam para cumprir a cota, já que não temos as mesmas oportunidades que os outros trabalhadores”, relata, dizendo que trabalhadores nas mesmas condições tem sido demitidos sistematicamente. O preconceito é recorrente dentro do banco.
O bancário de 28 anos e que tem deficiência auditiva nos dois ouvidos trabalhou no Itaú por cinco anos e dois. Ele conta que a falta de preocupação com as necessidades específicas dos PCD.
“Eu tenho perda de audição e não posso trabalhar o dia inteiro com fone, mas no começo eles nem quiseram saber, e eu tinha de trabalhar. Depois de um tempo, com as denúncias e ações do Sindicato, esta prática mudou, mas muitas necessidades básicas ainda não são respeitadas”, explica o bancário, que não quis se identificar porque busca uma colocação em outro banco e tem medo de represálias.
O crescimento na carreira é um sonho difícil de ser alcançado pelos trabalhadores com deficiência. Oportunidades de promoção e até mesmo de transferência para outros setores são raras e acabam sempre nas mãos de pessoas sem deficiência.
Se este rol de discriminações não bastasse, estes bancários convivem diariamente com o medo de serem demitidos sem motivo aparente. “No dia em que fui a uma consultoria de recolocalção, outros 20 trabalhadores PCD do Itaú também passaram por lá. A justificativa é sempre quebra de contrato, sem nada de errado, apenas uma escolha do gestor”, diz.
Para o dirigente sindical e bancário do Itaú, Julio Cesar, as posturas discriminatórias do banco em relação a este grupo social são conhecidas e sempre foram tema das mobilizações do Sindicato.
“As PCD não tem oportunidades de realocação, promoção, de desenvolvimento profissional e ainda estão sob risco constante de demissão. Já solicitamos resposta do banco sobre estas denúncias e estaremos cobrando que a discriminação tenha um fim”, afirma.