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Artigo

Ivone Silva: 8 de Março, luta por respeito e igualdade

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Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região

O Dia Internacional da Mulher é um momento importante para avaliar nossas conquistas e desafios.

Com quase um século de história, o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região sempre se manteve atuante no cenário político, econômico e social do país, pelo fortalecimento da democracia. Estamos mobilizados, alertando e reivindicando, trabalhadores e toda a população.

O governo Bolsonaro já é responsável pelo maior retrocesso social e trabalhista da história recente do Brasil. Sabemos hoje que o resultado da reforma Trabalhista foi o aumento do desemprego e da informalidade.  Os últimos dados da PNAD, quarto trimestre, apontam uma taxa de desocupação de 11,1%, contudo o desemprego é ainda maior entre as mulheres, que possuem uma taxa de desocupação de 13,9%, ante 9% da taxa entre os homens. A taxa de desocupação das mulheres foi 54,4% maior que a dos homens. São cerca de 6,5 milhões de mulheres desempregadas, contra 5,5 milhões de homens. Indicadores como informalidade, subutilização e rendimento médio seguem a mesma perversidade, ou seja, possuem piores resultados para mulheres, sobretudo, mulheres negras. Com a aprovação da Reforma da Previdência, este governo também conseguiu criar um exército de miseráveis, de trabalhadores que contribuíram a vida inteira com o INSS. Os trabalhadores já entenderam que o governo transformou o mercado de trabalho em um grande balcão de ofertas de vagas precarizadas. Para agradar banqueiros, querem aumentar a venda de planos de previdência privada. Essas medidas foram mais sentidas pelas mulheres, que já sofrem discriminação no mercado de trabalho ao longo da vida laboral.

Por isso, nossa luta também é pela eleição de políticos comprometidos na construção de um Brasil social e economicamente mais justo e solidário. Temos um papel importante na reconstrução de políticas públicas e um Estado de bem-estar social. E o fortalecimento das empresas públicas, como o Banco do Brasil e Caixa Econômica, responsáveis por subsidiar a agricultura familiar e projetos sociais.

Neste 08 de março estaremos nas ruas. Em pauta, as mulheres também vão buscar “um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome”. Um lema nacional que sintetiza as diversas batalhas que enfrentamos.

> Ato no Dia da Mulher é por respeito à vida, contra o machismo e por Bolsonaro nunca mais!

Nos últimos anos, o Brasil registrou milhões de mulheres a menos na força de trabalho em meio a cortes de políticas públicas, diminuição do auxílio-emergencial e recordes de mortes em decorrência da Covid-19. Na nossa categoria, sabemos que as mulheres ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 23% menores que os dos homens. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários:  80% das bancárias têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 74%. Além disso, sabemos também que as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido à dupla jornada, que inclui tarefas domésticas e trabalho remunerado, de acordo com dados do Ipea.

Por fim, não poderia deixar de destacar a luta contra a violência contra a mulher. Desde a sua criação pelo Sindicato, em dezembro de 2019, o projeto Basta! Não irão nos calar! já ofereceu atendimento jurídico especializado e gratuito a mais de 200 mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero. Em parceria com sindicatos em diversos países, nossa luta no Brasil se une com a UNI Global Union (Sindicato global que representa mais de 20 milhões de trabalhadores do setor de serviços em todo o mundo) pela ratificação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde reconhece que a violência e o assédio no mundo do trabalho levam à violação ou abuso dos direitos humanos e são ameaça à igualdade de oportunidades e, por isso, são incompatíveis com o trabalho decente.

Estamos  mobilizados construindo novas perspectivas para alcançar um futuro melhor, unindo os trabalhadores e propiciando a compreensão desse esquema perverso e sofisticado de exploração da mão de obra. Tivemos centenas de conquistas, em função do fortalecimento dos movimentos sociais e sindicatos no mundo. Acredito que uma delas foi a ampliação do processo de organização das redes sindicais, conseguimos avançar do ponto de vista mundial e potencializamos o que a gente sabe fazer, que é ação sindical e intercâmbio de conhecimentos. Sabemos que nós mulheres estamos em situação de muita discriminação e desigualdade no mundo do trabalho e isso gera exclusão social e violência. Todos temos um compromisso em lutar por igualdade. Não existe uma resposta simples para as questões mundiais e locais, mas acima de tudo temos que pensar como classe trabalhadora, juntos, de forma unida e coletiva.

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