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Coronavírus

O desprezo de Paulo Guedes pelo Banco do Brasil e pelas pequenas empresas

Linha fina
Em meio à pandemia do coronavírus, ministro da Economia não pensa em salvar as micro e pequenas empresas, responsáveis pela maior parte dos empregos, e ainda defende privatizar o Banco do Brasil, que há anos vem reduzindo sua carteira de crédito para as empresas de menor porte
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Montagem: Linton Publio

O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou na reunião ministerial do dia 22 de abril que “Nós vamos ganhar dinheiro usando recursos públicos pra salvar grandes companhias. Agora, nós vamos perder dinheiro salvando empresas pequenininhas”. 

“Ou seja, em meio à uma pandemia que resultará em uma crise econômica gravíssima, o ministro da Economia da gestão Bolsonaro mais uma vez revela sua mentalidade neoliberal e mostra que enxerga o governo como um banco privado ao avaliar uma suposta perda de recursos públicos ao salvar empresas de porte menor, que são as responsáveis pela maior quantidade de vagas de emprego no país”, afirma João Fukunaga, diretor executivo do Sindicato e funcionário do Banco do Brasil.

Em 2019 as micro e pequenas empresas abriram 731 mil vagas formais enquanto as médias e grandes fecharam 88 mil postos com carteira assinada. Considerando os dados de 2007 a 2019, os pequenos negócios criaram 12,4 milhões de vagas. Enquanto isso, médias e grandes empresas perderam 1,5 milhão. Os dados são do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e foram compilados pelo Sebrae.

Na mesma reunião ministerial do dia 22 de abril, que foi divulgada nesta sexta-feira 22, pelo ministro do STF, Celso de Mello, Guedes também afirmou que “tem que vender essa porra logo”, em referência ao Banco do Brasil.

“Com esta declaração, Guedes despreza a função social que uma instituição pública do porte do Banco do Brasil, que esbanja liquidez e rentabilidade, deveria exercer durante a crise do coronavírus, por meio da concessão e crédito para ajudar as micro e pequenas empresas”, afirma Fukunaga. 

Não é só Carlos Bolsonaro que anda assediando o Banco do Brasil. Segundo a revista Veja, empresários bolsonaristas querem a cabeça do chefe do banco, Rubem Novaes, por incompetência na condução da instituição. Justamente porque, no meio da crise do coronavírus, Novaes não libera crédito fácil e rápido.

Redução do crédito para micro, pequenas e médias empresas

Segundo as demonstrações financeiras do Banco do Brasil, entre março de 2016 e março de 2020 o valor da carteira para micro, médias e pequenas empresas (MPME) foi reduzida de R$ 127,3 bilhões para R$ 65,9 bilhões. No mesmo período, a carteira de crédito total encolheu de R$ 411,5 bilhões para R$ 272,9 bilhões, em valores reais (considerada a inflação do período).

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“O banco já vinha perdendo carteira e hoje, em meio a este cenário desolador causado pelo coronavírus, está dificultando a liberação de crédito para quem realmente precisa, que é o micro e pequeno empresário, o que reflete muito a visão do Paulo Guedes explicitada no vídeo da reunião ministerial do dia 22 de abril”, afirma Fukunaga.  

Ainda em termos reais, a carteira MPME teve uma diminuição de quase 50% (48,2%), enquanto a carteira total teve uma redução de 33,7%, o que mostra que o crédito para MPME caiu mais do que a crédito geral do BB. No período, a participação do crédito da instituição pública para MPME caiu de 30,9% para 24,2% do total da carteira. 

“O Banco do Brasil é uma empresa pública com mais de 200 anos de história e deveria exercer a função social de conceder crédito para o setor produtivo preservar empregos, especialmente em meio a esta crise de proporções muito sérias. Mas ao invés de utiliza-lo como instrumento anticíclico, o ministro da Economia prefere usar de palavreado de baixo calão para atacar a instituição e defender sua venda”, finaliza o dirigente. 

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