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Internacional

União de trabalhadores de todo mundo marca penúltimo dia do Congresso da UNI Global Union

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Marcha em apoio aos trabalhadores de conservação e limpeza da Philadelphia

O 6º Congresso da UNI Global Union, realizado na Philadelphia, Estados Unidos, segue a todo vapor. Líderes sindicais de todo o planeta, de diversas categorias, incluídos os bancários brasileiros, estão reunidos para trocar experiências e organizar a luta global pelas mudanças que o mundo e os trabalhadores precisam.

Parte da delegação brasileira no 6º Congresso da UNI Global Union (Foto: Seeb-SP)

Marcha em apoio aos trabalhadores de limpeza e conservação da Philadelphia

Um dos momentos mais marcantes deste penúltimo dia do 6º Congresso da UNI Global Union não ocorreu no auditório do evento, e sim nas ruas.

Em uma grande demonstração de solidariedade internacional, mais de mil líderes sindicais juntaram-se a cerca de mil trabalhadores de limpeza de escritórios comerciais, trabalhadores de manutenção e mecânicos do 32BJ SEIU (sindicato local, filiado à SEIU) em marcha pelo centro de Philadelphia para exigir um acordo coletivo justo para a categoria, cujo último acordo expira em 15 de outubro.

A marcha de hoje se soma a luta de cerca de 134.000 trabalhadores da base da SEIU (federação da categoria que atua nos EUA e Canadá) por aumento real, plano de saúde digno, respeito à jornada, e liberdade sindical.

"Sindicalistas de todo o mundo orgulham-se de apoiar o 32BJ. Enquanto lutam por um contrato justo, estes corajosos trabalhadores não estão apenas lutando pelo seu sustento, mas pelo coração e alma de um país. Os seus sacrifícios durante a pandemia devem ser reconhecidos com contratos que defendam a dignidade, protejam as famílias e reconstruam os bairros. Este momento crucial repercute-se muito para além das suas ruas, servindo de exemplo para os trabalhadores de todo o mundo", afirmou Christy Hoffman, secretária-geral da UNI Global Union.

"Todos os delegados presentes no 6º Congresso da UNI Global Union se juntaram a essa luta coletiva. É uma forma também de representar todas as lutas, em todos os países, dos trabalhadores que estão buscando organização, estão buscando seu direito de fazer um sindicato forte, que é só assim que vamos garantir melhores condições de vida, de trabalho, melhores políticas. E combater todas as desigualdades. De gênero, de raça, de orientação sexual, e todas aquelas que discutimos no congresso. Além de nos preocuparmos com o enfrentamento das mudanças climáticas, que é o que vai fazer com que nosso planeta sobreviva e que a humanidade continue trabalhando e gerando riqueza", enfatizou a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro.

Mudar as regras para uma economia justa e inclusiva

No primeiro painel de debates do dia, "Mudar as regras para uma economia justa e inclusiva", os participantes do congresso debateram a desigualdade abissal do mundo hoje e estratégias para superá-la.

Segundo relatório da Oxfam, em 2022 o 1% mais rico do mundo concentrou dois terços da riqueza produzida naquele ano.

Além disso, o mundo hoje é três vezes mais rico do que há vinte anos, mas 70% das pessoas não possuem proteção social, 84% das pessoas dizem que o salário mínimo não é suficiente para viver e 81% dos países permitiram violações do direito à negociação coletiva. Este é o desenho da desigualdade.

"Só chegaremos a uma economia justa e inclusiva taxando os mais ricos; fortalecendo sindicatos e negociações coletivas; colocando a tecnologia também a serviço dos trabalhadores; garantindo igualdade para as mulheres; exigindo responsabilidade social e ambiental do sistema financeiro; e tomando medidas efetivas para combater as mudanças climáticas, com os países mais ricos, responsáveis pelas grandes emissões de CO2, apoiando as demais nações neste processo", avalia Neiva Ribeiro.

Juntos contra a desigualdade, o racismo, e a discriminação

Já o segundo painel do dia, "Juntos contra a desigualdade, o racismo, e a discriminação", incluiu neste debate de superação da desigualdade a luta contra o racismo, homofobia, xenofobia, machismo e todas as formas de discriminação.

"Jamais teremos um mundo menos desigual sem combater todas as formas de discriminação. Neste sentido, o Sindicato tem avançado cada vez mais. Temos uma mesa de negociação de igualdade de oportunidades, que completou 21 anos neste ano; equidade de direitos da CCT para casais homoafetivos; o nosso projeto Basta!, que além de oferecer atendimento jurídico para mulheres vítimas de violência de gênero, também atende vítimas de racismo e homofobia", lembra a presidenta do Sindicato.

"Além disso, lutamos por políticas públicas que tem avançado no atual governo Lula, como o esforço pela ratificação da Convenção 190 da OIT; e a recente aprovação da Lei 14.611, de 2023, uma iniciativa do governo Lula para assegurar igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens", acrescenta.

Juntos por Saúde

No painel sobre Saúde, os líderes sindicais debateram temas como os riscos à saúde advindos da atividade laboral; os novos riscos decorrentes da transformação digital; e o assédio e a violência no trabalho.

"No Brasil, os bancários sofrem com o adoecimento, especialmente aquele relacionado com transtornos psíquicos, consequência da gestão dos bancos, baseada em pressão absurda por metas abusivas, assédio, sobrecarga de trabalho e medo constante de demissões", relata Neiva. "Nossa luta, com campanhas como a Menos Metas Mais Saúde; com o nosso Canal de Denúncias; com a nossa pressão para debatermos com os bancos a questão das metas; visa tornar as relações de trabalho mais saudáveis no setor financeiro", completa.

Trabalho digno na era digital

O último painel do dia, “Trabalho digno na era digital”, abordou as modificações nas relações de trabalho na era digital.

"O trabalho digno na era digital necessita de uma regulação e de negociações coletivas que façam com que os avanços tecnológicos apoiem o trabalho humano, e não o substituam. A tecnologia não pode estar a serviço apenas das megacorporações, tem de também beneficiar os trabalhadores. A redução da jornada, a semana de 4 dias, pauta defendida pelo Sindicato na última campanha nacional, pode ser muito bem um dos benefícios proporcionados pela tecnologia", conclui a presidenta do Sindicato.

Quarta-feira

O 6º Congresso da UNI Global Union segue nesta quarta-feira 30, último dia do evento, com os debates "Paz, democracia e direitos humanos"; "Mudar as regras para responsabilizar as empresas"; "Unidos por um mundo sustentável”; e Juventude.

Após os debates será realizada a eleição do novo corpo diretivo da UNI Global Union; e a cerimônia de encerramento.

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