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Plenária com centenas de demitidos do Itaú define próximos passos da luta

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Imagem representando uma plenária virtual, em tons de laranja

Nesta quinta-feira, 11 de agosto, o Sindicato realizou uma grande plenária com quase 400 trabalhadores demitidos pelo Itaú na última segunda-feira 11. Demissões estas que atingiram cerca de mil trabalhadores no total, das mais diferentes áreas, e foram justificadas pelo banco, de forma pública, por alegada ociosidade no home office.

Durante a abertura da plenária, a presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, se solidarizou com os bancários demitidos e colocou toda a área jurídica e de saúde do Sindicato à disposição dos trabalhadores.

“Colocamos todo o Jurídico e o departamento de Saúde do Sindicato para ajudar vocês neste momento difícil (...) Ficamos perplexos e indignados com a notícia e com a forma como foi noticiada essa demissão em massa”, disse a presidenta do Sindicato.

Para o atendimento jurídico individual, serviço disponível das 9h às 18h, o bancário deve realizar o agendamento por meio da Central de Atendimento (3188-5200), por meio da qual também é possível agendar atendimento com a secretaria de Saúde da entidade.

Dúvidas

A maior parte das dúvidas trazidas pelos trabalhadores para a plenária serão esclarecidas em um “perguntas e respostas” que será publicado em breve no site do Sindicato.

Casos específicos  

O Sindicato orienta ainda que bancários demitidos que passam por tratamento médico, tenham sido afastados por questões de saúde, gestantes no momento da demissão e PCDs entrem em contato com a entidade, de forma que sejam avaliadas medidas junto ao banco, caso a caso, para reverter as demissões.   

Ações judiciais coletivas

Durante a plenária, foram relatadas as medidas adotadas pelo Sindicato até o momento, como reuniões com o banco, denúncias na imprensa e protestos, nas ruas e redes, contra a demissão em massa.

Além disso, foram anunciadas as próximas ações do Sindicato em relação ao caso. Entre elas, o ingresso de uma ação judicial coletiva contra a demissão em massa e uma ação por danos morais.

O Sindicato possui o entendimento de que o fato do Itaú ter realizado uma demissão em massa sem comunicação prévia com o Sindicato, com cerca de mil bancários impactados, desrespeita os trabalhadores, a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria bancária e a legislação brasileira, que determina a necessidade de negociação prévia com o movimento sindical em casos como este.

“A ação coletiva tem como objetivo anular as demissões e requerer a reintegração dos trabalhadores. Uma demissão coletiva exige comunicação prévia com o Sindicato. Algo previsto inclusive em convenções da OIT (Organização Internacional do Trabalho), das quais o Brasil é signatário”, explicou o advogado Max Garcez, que assessora o Sindicato. “Outra questão é o dano moral coletivo aos trabalhadores. A empresa não poderia colocar todas estas pessoas no mercado como preguiçosos”, completou.

Indignação

O sentimento unânime na plenária, tanto entre dirigentes do Sindicato, quanto entre os bancários demitidos, foi de completa indignação com a demissão em massa e a forma como os trabalhadores foram expostos publicamente.

“É claro que essa desculpa da produtividade é balela. A maioria das pessoas estava dentro do esperado, muita gente tinha sido Prad (Programa de Remuneração por Alto Desempenho), muitas pessoas com promoção. Como demito alguém por baixa produtividade se ela está sendo premiada, promovida. O banco ignora isso, faz a demissão em massa, e joga a culpa no colo dos gestores. Teve gestor que nem sabia por qual motivo estava desligando funcionário”, afirmou o dirigente do Sindicato e bancário do Itaú Maikon Azzi.

“É impossível que mil pessoas estivessem nessa situação de improdutividade. A maioria dos bancários que nos procuraram era de pessoas de alta performance, promovidas. E, para o Itaú, só o que valeu foram os cliques monitorados”, acrescentou a diretora executiva do Sindicato e bancária do Itaú, Valeska Pincovai.

Os depoimentos dos bancários que se manifestaram na plenária deixaram claros vários pontos que evidenciam a injustiça cometida pelo Itaú com esta demissão em massa: bancários dentro ou acima do esperado, muitos premiados e promovidos; trabalhadores de áreas distintas, muitas das quais possuem funções que não são em frente ao computador todo tempo; trabalhadores de áreas que passavam por reestruturação e, por isso, estavam subaproveitados com o conhecimento do gestor; os bancários não tinham conhecimento do monitoramento e dos critérios de avaliação; dentre outros.   

“Mês passado fui promovida para outra área. Entre mais de 200 candidaturas, eu passei. Sempre estou acima da média. E, na segunda, bem no dia que fui começar nessa nova área, fui demitida”, relatou uma bancária.

“Houve quebra de expectativa, quebra de confiança. Estou sendo taxada de estelionatária. Você ser eficiente e produtiva não é ficar clicando e mexendo o mouse. É entregar as coisas com qualidade e no prazo, até mesmo antes dele”, indignou-se outra trabalhadora.

Foram vários os bancários que também relataram que o monitoramento, da forma como foi feito, não fazia sentido dentro do escopo das suas atividades.

“Eu escutava ligações. Então eu realmente ficava uma hora sem clicar. O tempo da ligação. Não sabia do monitoramento. A única orientação era bater o ponto certinho. Eu não sabia que era monitorado por clique”, disse um dos bancários demitidos. “Muitas vezes ficamos a mercê do gestor pra fazer uma ação. E a ferramenta não captura isso”, completou outro trabalhador.

“O meu escopo incluía dar treinamento nas centrais de atendimento, onde não posso entrar com computador”, reforçou uma bancária.

Além da injustiça da demissão em massa - justificada por um monitoramento do qual os bancários não tinham conhecimento, e que não levou em conta as especificidades de cada área - os bancários demitidos estão revoltados pelo fato de que foram expostos publicamente como pessoas que não trabalhavam.

“Eu me senti ofendido. Por falarem que eu quebrei a ética. Como falam de ética e mandam embora uma pessoa em tratamento de hérnia, que provavelmente eu desenvolvi no trabalho por ficar muito tempo sentado”, disse um bancário.

“É muito difícil agora, depois desse episódio, conseguir um emprego. Ficamos rotulados como funcionários que não trabalhavam”, desabafou outro demitido.

“Tá sendo bem doloroso olhar na mídia e me ver taxada como improdutiva e ociosa. É o emprego em que mais trabalhei na vida”, resumiu assim uma bancária, por fim, o sentimento dos trabalhadores demitidos do Itaú.

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