Manipulada por formadores de opinião a serviço do capital privado – que tem interesse na diminuição da concorrência do setor estatal – parte da população acredita em argumentos como os de que funcionários públicos trabalham pouco, e que as empresas estatais são cabides de emprego e operam com quantidade de funcionários além da necessária.
Mas não é o que os dados mostram. O Brasil tem menos servidores públicos do que os países desenvolvidos, de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A cada 100 trabalhadores brasileiros, 12 são servidores públicos. A média é a mesma verificada nos demais países da América Latina. Já nos países mais desenvolvidos, o percentual costuma ser quase o dobro — nessas nações, a média é de 21 funcionários públicos a cada 100 empregados. Em países como Dinamarca e Noruega, mais de um terço da população economicamente ativa está empregada no serviço público.
Sucateamento dos bancos públicos no governo Temer
Focando no setor financeiro brasileiro, os dados da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil mostram que essas empresas públicas fundamentais para o desenvolvimento social e econômico enfrentaram um forte processo de redução do número de empregados durante o governo Temer.
Quem sofre com esse cenário são os funcionários remanescentes, que têm de lidar com o aumento da sobrecarga de trabalho, o que gera o aumento dos adoecimentos.
O setor bancário foi responsável por apenas 1% dos empregos criados no país, mas 5% dos afastamentos por doença, entre 2012 e 2017 (de acordo com dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho). Assim, é também o que mais gera gastos ao INSS: 6% do total de recursos para afastados são consequência do modo de gestão dos bancos.
A população também sofre, pois o número menor de servidores acarreta em um atendimento deficiente.
Esse processo é conhecido como sucateamento e consiste na diminuição dos investimentos governamentais nas empresas públicas e na redução do número de servidores.
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Dessa forma, a opinião pública passa a acreditar que essas estatais são ineficazes e que a privatização dos seus serviços é a solução. E quem se beneficia são as empresas privadas, que sem a concorrência do setor público, e visando o lucro, poderão cobrar preços mais altos para oferecer os mesmos serviços que as empresas públicas forneciam.
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