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Exploração

Sindicato denuncia inferno instaurado no Itaú

Linha fina
Protesto evidencia deterioração das condições de trabalho intensificada pelo aumento das demissões no Centro Administrativo Tatuapé
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Foto: Seeb-SP

São Paulo – O Sindicato deflagrou Portal do Inferno no Centro Administrativo Tatuapé (CAT) para denunciar a piora das condições de trabalho causada pela eliminação de postos de trabalho em diversos departamentos daquela concentração do Itaú nos últimos meses.  O protesto ocorreu nesta terça-feira 5. 

Portal do Inferno é a marca de um protesto lúdico realizado pelo Sindicato para evidenciar a estrutura organizacional dos bancos focada exclusivamente no cumprimento de metas abusivas para obtenção dos lucros astronômicos por meio de demissões e sobrecarga de trabalho, o que resulta em um ambiente de trabalho disseminador de doenças psíquicas.

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O dirigente sindical Sérgio Lopes, o Serginho, alerta que o CAT, onde trabalham mais de 5 mil bancários, está completamente enquadrado no cenário descrito acima. “As demissões estão causando muitos prejuízos aos bancários. Muita gente está ficando doente. O inferno se instaurou”, afirma o dirigente.  

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Um bancário reforça. “Eu acho que [a condição de trabalho] piorou e está relacionada tanto a fatores macro, como a aprovação da terceirização irrestrita, que preocupa a todos os trabalhadores bancários, quanto questões mais específicas ao CAT, como as demissões, que voltaram a acontecer com volume maior do que de costume”, afirma o trabalhador, que viu 10 colegas do seu departamento perderem o emprego apenas este ano. 

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“A gente sabe como vai começar o dia, mas não sabe como vai acabar. Se vamos nos manter empregados, se vamos sofrer assédio moral, se vamos enfrentar condições extenuantes de trabalho. O banco está demitindo, não está fazendo reposição e o volume de trabalho está sendo redistribuído entre os funcionários que ficaram”, denuncia. 

“E não há a menor justificativa para essas demissões a não ser o aumento dos lucros obtido através da exploração e da perda da qualidade de vida e da saúde dos empregados, porque serviço tem, e só aumenta”, critica Serginho.  

Mais exploração e lucro maior – Os números dos demonstrativos financeiros da holding Itaú e do Banco Central reforçam: em setembro de 2016, o banco tinha 831 clientes para cada empregado. Um ano depois, essa relação passou para um funcionário a cada 893 clientes, crescimento de 7,5%. No mesmo período, o lucro líquido por empregado subiu de R$ 200,699 mil para R$ 225,709 mil, aumento de 12,5%.  

As receitas de prestação de serviços e tarifas bancárias chegaram a R$ 26,3 bilhões, elevação de 7% em relação ao mesmo período de 2016. Apenas com essa receita, o banco cobre todas as despesas com salários e ainda restam R$ 10 bi.  

O Itaú alcançou lucro recorrente de R$ 18,6 bilhões nos nove primeiros meses de 2017, elevação de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar do resultado tão expressivo, o banco criou apenas 664 vagas de trabalho em 12 meses (setembro de 2016 a setembro de 2017).

“O que o Itaú está fazendo é uma maldade muito grande com seus funcionários que são justamente os responsáveis pela construção do lucro do banco e por isso merecem mais respeito. O Sindicato continuará protestando por mais contratações e melhores condições de trabalho até que nossas reivindicações sejam atendidas”, afirma Serginho. 

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