Começou nesta quarta-feira (9) a 5ª Conferência da UNI Américas Finanças. A UNI Américas é o braço no continente da UNI Global Union, sindicato global que representa trabalhadores dos setores de serviços em todo o mundo. A UNI América Finanças é o ramo da entidade sindical continental para o ramo financeiro. Participou do encontro o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.
“Vocês bancários pertencem ao mundo da distribuição da riqueza e dos recursos. Têm uma importância enorme. Na minha juventude, o sindicato dos bancários era o mais radical. Vocês são privilegiados porque têm um sindicato latino-americano. Não esqueçam dos demais trabalhadores. Obrigado por não ficarem calados”, disse Mujica na abertura da conferência. Para o ex-presidente uruguaio, o mundo passou por grandes transformações nas últimas décadas, mas a riqueza ficou cada vez mais concentrada. “A riqueza se multiplicou, mas está se juntando em um cantinho”, falou. Mujica lembrou também que os governo progressistas latino-americanos aumentaram a capacidade de consumo da população, mas não conseguiram formar uma sociedade consciente dos valores democráticos. “Não nos tornamos cidadãos, mas sim consumidores”, afirmou o ex-presidente.
Antes da 5ª Conferência Regional da UNI Américas Finanças ocorreram a 5ª Conferência Regional UNI Américas, a 6ª Conferência da UNI América Mulheres e a 5ª Conferência UNI Américas Juventude. Confira abaixo:
> UNI Américas defende maior integração contra retrocessos
> 5ª Conferência Regional da UNI Américas discute transformações no mundo do trabalho
> Conferência da UNI Américas defende articulação regional
> Mulheres discutem o futuro do trabalho e a defesa de direitos globais
> Conferência de Juventude UNI Américas define plano de lutas
> Bancária de São Paulo assume presidência de juventude em entidade continental
A 5ª Conferência prossegue nesta quinta-feira (10), com debate de outras moções e a eleição do novo Comitê Executivo da UNI Américas Finanças.
Pandemia
“Essa conferência é muito importante nesse momento de pandemia. A crise econômica foi aprofundada pela pandemia, com o crescimento do desemprego. Acelerou os avanços tecnológicos e que vão ter impactos nos empregos. É o momento de a gente debater que mundo que a gente quer”, declarou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que também participou da abertura da conferência. A pandemia e seu impacto nas relações de trabalho da categoria bancária foi um dos temas mais discutidos no encontro
“Temos um milhão e meio de mortos por conta da pandemia. Mais da metade dessas mortes está aqui na América, então é o momento de a gente debater que América que a gente quer, também. Temos de discutir que mercado financeiro que a gente quer, que tem que existir para gerar desenvolvimento econômico, distribuição de renda. Essa conferência vai debater temas super importantes, que passam pela transformação do nosso continente. A gente quer um continente justo, com igualdade. Somos um dos continentes mais desiguais do mundo. Temos riquezas profundas, mas também desigualdades profundas”, disse Juvandia.
Rompendo barreiras
O secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto Von Der Osten, fez a primeira apresentação do plano estratégico “Rompendo Barreiras” a primeira das moções discutidas na conferência. O documento reafirma o compromisso de continuar combatendo as políticas neoliberais com maior unidade sindical e contribuindo a um novo modelo de desenvolvimento no continente. “Romper barreira hoje nunca foi tão necessário. Há um mundo que quer excluir pessoas do mercado de trabalho com a tecnologia. Querem eliminar definitivamente os sindicatos e colocar a meritocracia no lugar. Um momento triste para a humanidade, mas desafiador para o movimento sindical”, analisou o secretário.
A economista Vivian Machado, da subseção do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) da Contraf-CUT, fez a apresentação com o tema “O Novo Mundo da Banca”, sobre a digitalização e novas tecnologias bancárias. A economista observou que, com a pandemia, o processo de digitalização bancária sofreu uma aceleração. Vivian citou a pesquisa feita pela Contraf-CUT com os trabalhadores que foram trabalhar em casa após o início da pandemia. A pesquisa mostrou a necessidade de se regulamentar o teletrabalho para evitar que a categoria fosse submetida a jornadas excessivas e sem controle, além de gastos adicionais com energia e internet.O que é a UNI Global Union
A UNI Global Union (sindicato mundial de serviços que representa mais de 20 milhões de trabalhadores de mais de 150 países diferentes nos setores que mais crescem no mundo – habilidades e serviços), é uma entidade sindical mundial à qual a Contraf-CUT é filiada. Está organizada em quatro grandes regiões (Américas, Europa, África e Ásia/Pacífico). A cada quatro anos estas estruturas todas se reúnem, tanto as regionais quanto os setoriais e horizontais para eleger suas direções.