Na última quarta-feira 16, dirigentes do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região estiveram reunidos com a diretoria e gestores da área de Tecnologia de Informação (TI) do banco Daycoval, em um diálogo sincero e franco sobre a realidade no setor. Participaram também a diretoria de RH e a presidência do banco.
O encontro desta quarta 16 - sugerido pela presidência do banco, em reunião anterior com o Sindicato no início de maio – é também resultado de um processo de mobilização e luta da entidade junto com os trabalhadores de TI do Daycoval, que teve início em janeiro, quando foi realizada manifestação em frente à sede do banco.
Em pauta, inúmeros relatos de assédio moral e condições de trabalho inadequadas no departamento.
“Consideramos inédita e positiva esta abertura por parte da presidência do Daycoval para que o Sindicato tivesse acesso a diretoria da instituição para discutir e cobrar soluções efetivas dos responsáveis por uma área na qual os trabalhadores estão insatisfeitos com situações que, por vezes, caracterizam a prática de assédio moral, além da sobrecarga de trabalho, excesso de horas extras, entre outros problemas nas relações de trabalho”, destaca o bancário e dirigente do Sindicato, Marcelo Gonçalves.
No início da reunião, o Sindicato questionou, de forma vigorosa, a diretoria de TI e destacou a importância do respeito nas relações de trabalho. A discussão tratou, sobremaneira, da importância de um ambiente saudável, inclusive reforçando que estudos nacionais e internacionais demonstram que as empresas com melhores resultados são aquelas nos quais os trabalhadores estão satisfeitos e com sua dignidade respeitada.
No decorrer da reunião, o diretor da área foi indagado pelos representantes dos trabalhadores sobre as constantes denúncias e relatos, alguns mais recentes e outros já de alguns anos, feitos pelos trabalhadores. Foi apontado também pelos representantes do Sindicato o fato dos banners espalhados pela empresa, inclusive no hall de entrada da sede do banco, tratarem do “código de conduta do Daycoval”, no qual se fala da importância de “ouvir as pessoas”, sendo “educado, respeitoso e tolerante”. Valores estes que poderiam estar ausentes ou em conflito na área de TI.
“O assédio moral é uma postura inadmissível para qualquer cargo, mas sobretudo daqueles que possuem responsabilidades de diretoria e deveriam ter o dever de garantir um ambiente livre dessas práticas. Não se pode tolerar que atitudes baseadas na posição hierárquica sejam exploradas para controlar, constranger e intimidar os subordinados”, ressalta Marcelo.
Durante a reunião, o diretor da área de TI alegou não ter mais contato direto com os trabalhadores e que, atualmente, essa função é realizada por gerentes e superintendentes. No entanto, o Sindicato sabe que esta situação passou a acontecer muito recentemente, nos últimos dois meses, já por conta de uma decisão do presidente do banco, ciente das questões apontadas pelo Sindicato.
“É importante deixarmos claro que os questionamentos feitos durante a reunião possuem, tão somente, o objetivo de garantir um clima saudável para todos, e que não se quer penalizar ou condenar ninguém. O que se busca é uma solução, encontrar um caminho para garantir um ambiente de trabalho tranquilo e de respeito por parte dos gestores na relação com os trabalhadores”, enfatiza o dirigente do Sindicato
A diretoria de TI também afirmou que foram realizadas, nos últimos meses, alterações organizacionais para tornar a rotina de trabalho menos exaustiva e evitar excesso de jornada como, por exemplo, a criação de novos horários, diluição das equipes e investimentos em tecnologia. Será realizada ainda uma pesquisa de clima focada especificamente na área de TI, organizada por uma assessoria externa.
“Seguiremos acompanhando de perto a situação da área de TI do Daycoval para verificar se as medidas anunciadas pela diretoria resultaram de fato em soluções concretas e, principalmente, melhores condições de trabalho. Para isso, contamos com a colaboração dos trabalhadores, que continuem apontando os problemas através do Canal de Denúncias do Sindicato, que garante o sigilo da identidade do denunciante”, conclui Marcelo.