*Atualização: com a divulgação do INPC de agosto, o aumento real dos bancários será maior, de 1,31%. O INPC acumulado em 12 meses ficou em 3,64%, portanto, abaixo da estimativa, que era de 3,78%. O reajuste conquistado pela categpria bancária permanece o mesmo, de 5% sobre salários e demais verbas.
Não foi fácil. Depois da Fenaban (federação dos bancos) apresentar proposta com aumento real (reposição do INPC mais reajuste) de 0,5% e retirada de diversos direitos, o Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores nas mesas de negociação com os bancos, não arredou o pé e após muitas horas de debates conseguiu arrancar dos banqueiros uma nova proposta, que prevê aumento real de 1,18% e a garantia de todos os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.
> Faça a sua sindicalização e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários
Dados atualizados do Dieese mostram que a proposta é uma vitória para os trabalhadores. Em julho, 51% das negociações de outras categorias resultaram em acordos com perda salarial, ou seja, com reajustes abaixo da inflação. No mês, a variação real média dos reajustes ficou em -0,2%. Já no acumulado do ano, a variação real média dos reajustes, levando em conta 4.659 acordos, ficou em 0,97%. Ou seja, o aumento real arrancado da Fenaban (1,18%), com a força dos bancários, que se mobilizaram nas ruas e redes, ficou acima da média das negociações já realizadas em 2018.
> Se proposta for aprovada, PLR vem dia 20 de setembro
“Em uma conjuntura totalmente adversa conseguimos uma proposta que não só derrotou a reforma trabalhista no que diz respeito à nossa CCT, com a manutenção de absolutamente todas as nossas conquistas históricas, válidas para todos os bancários, inclusive derrotando o conceito de trabalhador hipersuficiente [que possui nível superior e ganha acima de dois tetos do INSS, atualmente em R$ 11.291,60], que negociaria seus direitos diretamente com o patrão; como também prevê aumento real acima da média de todas as negociações já realizadas em 2018”, enfatiza a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.
“Também foram garantidos os direitos previstos nos acordos específicos do Banco do Brasil e Caixa, que estavam seriamente ameaçados pelo governo federal, permanentemente com a tesoura na mão para cortar direitos. No caso da Caixa, a manutenção do Saúde Caixa e da PLR Social é uma vitória estrondosa contra o governo Temer”, acrescenta.
> BB apresenta proposta final que mantém todos os direitos
> Proposta mantém Saúde Caixa e PLR Social
Assembleias
Os bancários de todo o país avaliarão a proposta em assembleias na quarta-feira 29. A assembleia dos trabalhadores de bancos privados da base do Sindicato será no Clube Homs (Av. Paulista, 735); a dos empregados da Caixa será na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé); e a dos funcionários do Banco do Brasil será na Casa de Portugal (Av. da Liberdade, 602, Liberdade), todas às 19h. O Comando orienta pela aprovação da proposta da Fenaban, assim como pela aprovação das específicas do Banco do Brasil e da Caixa.
“Orientamos pela aprovação da proposta. Essa é uma decisão tomada com muita responsabilidade pelo Comando Nacional. Cabe aos bancários de todo o país, de bancos públicos e privados, uma profunda reflexão sobre os riscos de uma greve na atual conjuntura. Caso um possível movimento descambe para a judicialização existe uma grande chance de sairmos do tribunal com um acordo bem inferior ao que foi proposto pela Fenaban”, alerta Ivone.
Campanhas que foram à Justiça tiveram perdas
As categorias que tiveram que resolver suas campanhas no Tribunal Superior do Trabalho não obtiveram sucesso na reivindicação por aumento real. Os trabalhadores da Companhia Brasileira de Trens Urbanos, Valec Engenharia, Embrapa e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco obtiveram reajuste pouco abaixo da inflação e manutenção das cláusulas sociais. Já no caso dos Correios, o tribunal decidiu pela reposição da inflação, sem aumento real, e os trabalhadores ainda tiveram excluída do acordo a cláusula que assegura o plano de saúde.
Saiba como foram as negociações com a Fenaban
> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta
> 4ª rodada: Em mesa de emprego, bancos não se comprometem contra contratações precárias
> 5ª rodada: Bancos não apresentam proposta
> 6ª rodada: Bancos lucram bilhões e não querem dar aumento real
> 7ª rodada: Negociação com Fenaban continuará na terça-feira 21
> 8ª rodada: Bancos propõem reajuste insuficiente, com retirada de direitos
> 9ª rodada: Valeu a pressão: bancos recuam e devolvem PLR às bancárias em licença-maternidade
PLR dos afastados também está garantida; negociação continua nesta sexta
> 10ª rodada: Comando cobra ultratividade e bancos respondem no sábado
> 11ª rodada: Bancos propõem reajuste de 5% com garantia de direitos
Saiba como foram as negociações com a Caixa:
> 1ª rodada: Empregados e Caixa definem calendário de negociação
> 2ª rodada: Direção da Caixa não garante direitos dos empregados
> 3ª rodada: Governo quer impor o fim do Saúde Caixa
> 4ª rodada: Caixa não avança nas negociações
> 5ª rodada: Caixa apresenta proposta inaceitável
> 6ª rodada: Mobilização traz avanços ainda insuficientes
> 7º rodada: Negociação com Caixa só será retomada após mesa com Fenaban
> 8ª rodada: Proposta mantém Saúde Caixa e PLR Social
Saiba como foram as negociações com o BB:
> 1ª rodada: BB mostra disposição para negociar com funcionários
> 2ª rodada: Segunda mesa com BB define abrangência do acordo
> 3ª rodada: Terceira negociação com BB traz poucos avanços
> 4ª rodada: Banco do Brasil propõe reduzir prazo de descomissionamento e não avança na pauta
> 5ª rodada: Mesa de negociação com BB fica zerada na pauta econômica
> 6ª rodada: BB apresenta proposta insuficiente e incompleta
> 7ª rodada: Negociação discute cláusula de descomissionamento
> 8ª rodada: Banco do Brasil apresenta redação de cláusulas do acordo e negociação continua
> 9ª rodada: BB apresenta proposta final que mantém todos os direitos