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Chapéu
Desrespeito aos trabalhadores

Setor mais lucrativo, bancos propõem reajuste que está entre os piores de 2024

Imagem Destaque
Integrantes do Comando Nacional dos Bancários na mesa de negociação com a Fenaban

O reajuste salarial proposto pela Fenaban, na mesa de negociação desta quinta-feira 29, está entre os 20% piores dentre os 9.604 acordos trabalhistas fechados este ano no país. Mais de 85% desses acordos tiveram aumento real médio de 1,5%, enquanto que os bancos, um dos setores mais lucrativos da economia, querem impor entre 0,09% e 0,23% de ganhos reais aos bancários.

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“Ou seja, o setor que mais lucra no país está oferecendo aos seus trabalhadores uma das piores propostas de reajuste deste ano. É uma vergonha. Um total desrespeito à categoria bancária”, destaca a presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

“As propostas de hoje ainda estão muito distantes da valorização que os bancários esperam e merecem. A Fenaban está tentando usar a tática do cansaço, mudando pouquíssimo os índices de reajuste a cada proposta apresentada. E insistindo em propostas de segmentação, escalonamento e fragmentação da categoria. O que já deixamos claro que não aceitaremos. Enquanto a alta cúpula é valorizada, com remuneração média de R$ 9,2 milhões por diretor executivo, para a maioria dos funcionários é imposição de perdas e aumento só de metas, pressão e adoecimento”, acrescenta Neiva.

Propostas revoltantes

Na 12ª rodada de negociação da Campanha, os bancos apresentaram duas propostas com índices baixos e que dividiam a categoria por faixas salariais. As duas foram fortemente rejeitadas pelo Comando na mesa.

A primeira proposta, apresentada na parte da manhã, previa reajustes diferenciados, escalonados por quatro faixas salariais. Além disso, previa apenas a reposição da inflação para vales, PLR e demais verbas, e para essas verbas ainda adiava o reajuste para outubro, o que causaria um prejuízo de R$ 35 milhões aos trabalhadores.

A segunda proposta, apresentada na parte da tarde, reduziu o total de faixas para três e aumentou um pouco os percentuais de reajuste por faixa. Continuou prevendo apenas a reposição da inflação para os tickets, a PLR e demais verbas. E trouxe todos os reajustes para 1º de setembro, como tem de ser, já que é a data base dos bancários. Mas continuou bem aquém do que espera e merece a categoria bancária.

O Comando dos Bancários rejeitou ambas as propostas na mesa, e deixou claro que não aceita a fragmentação da categoria, nem o desrespeito à data base: os reajustes têm de vir em 1º de setembro.

“Todas as propostas de reajustes foram rebaixadas e muito distantes das reivindicações das bancárias e bancários, que exigem aumento real e que reflita os altos lucros e rendimentos do setor, que só em 2023 lucrou R$ 145 bilhões. Além disso, as propostas apresentavam reajustes irrisórios, separados por faixa salarial, o que divide a categoria”, destacou Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e também coordenadora do Comando. “Repor inflação é obrigação e o aumento real decente é questão de respeito aos trabalhadores do setor”, completou.

Da esq. para dir.: Aline Molina, presidenta da Fetec-CUT/SP, e as coordenadoras do Comando, Neiva Ribeiro (presidenta do Sindicato) e Juvandia Moreira (presidenta da Contraf-CUT) - foto: Willy Roberto

Nova mesa nesta sexta

Após a rejeição da segunda proposta, a mesa de negociação foi interrompida, pois o Comando avisou à Fenaban que se recusa a receber qualquer outra proposta com escalonamento. O Comando também deixou claro que permanece em São Paulo até esta sexta. A mesa será retomada nesta sexta-feira, a partir das 10h.

Enquanto isso, a mobilização da categoria continua nas ruas e nas redes sociais em todo o Brasil. Em São Paulo, na noite desta quinta-feira 29 ocorre plenária no Auditório Azul da sede do Sindicato (Rua São Bento, 413, Centro), para organizar a categoria para a luta.

E na próxima quarta-feira, 4 de setembro, haverá assembleias em todo o país para avaliar a proposta, se houver, e organizar a mobilização.

Os dados não mentem: bancos estão muito bem

  • Só no primeiro semestre deste ano, os cinco maiores bancos lucraram juntos R$ 60 bilhões, isso representa um crescimento de 15% em relação ao primeiro semestre de 2023;
  • De 2003 a 2023, o lucro líquido real dos maiores bancos no Brasil cresceu 169% acima da inflação. Enquanto que, entre 2003 a 2022, a remuneração média real dos bancários subiu 16%;
  • Por outro lado, a previsão em 2024 para remuneração per capita anual da alta diretoria – média de quatro bancos (Itaú, Santander, BB e Bradesco) – é de R$ 9,2 milhões por diretor (a), um aumento de 8% em relação a 2023. Esse valor é 115 vezes maior do que a remuneração anual da função de escriturário (incluindo salário, 13º, férias, tickets e PLR);
  • Entre 2003 e 2023, as receitas de tarifas dos bancos cresceram 120% em termos reais, enquanto que as despesas de pessoal cresceram 52%;
  • Só com a receita de tarifas, os bancos cobrem todas as suas despesas de pessoal, incluindo a PLR, e ainda sobra: em 2023, a média de cobertura das despesas de pessoal com receitas de tarifas foi de 127%.

Saiba como foram as mesas até agora

  • primeira mesa discutiu empregos;
  • segunda mesa debateu cláusulas sociais - em especial teletrabalho, tecnologia e jornada de 4 dias;
  • terceira mesa debateu igualdade de oportunidades;
  • quarta mesa foi sobre PCDs, neurodivergentes e segurança bancária;
  • quinta mesa foi sobre saúde e condições de trabalho;
  • sexta mesa iniciou o debate sobre as cláusulas econômicas;
  • sétima mesa continuou o debate sobre as cláusulas econômicas;
  • na oitava mesa a Fenaban propôs retiradas de direito;
  • na nona mesa a Fenaban propôs reajuste abaixo da inflação;
  • na décima mesa veio mais proposta rebaixada;
  • e na 11ª mesa, Fenaban propôs segmentar reajuste por faixas salariais

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