Em Dia Nacional de Luta dos funcionários do Santander, nesta sexta-feira 29, o Sindicato realizou um protesto no Radar, concentração do banco espanhol localizada em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. O ato denunciou a onda de demissões no Santander, situação que já virou uma “tradição” nos finais de ano (CLIQUE e veja no final da matéria charges, produzidas pelo Sindicato em 2017, 2018 e 2019, sobre as demissões de final do ano do Santander)
“Desde a reforma trabalhista, que retirou as homologações dos sindicatos, não temos como mensurar o número exato de demissões. Porém, a quantidade de denúncias de bancários sobre demissões arbitrárias, injustificadas, é absurda. O que também verificamos nas visitas aos locais de trabalho. Especialmente nesse final de ano, praticamente uma tradição `natalina´ do Santander”, diz o diretora do Sindicato e bancário do Santander, Marcelo Gonçalves.
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“A tesoura do Rial não poupa ninguém. São inúmeros os casos de demissões de trabalhadores com décadas de banco, próximos da estabilidade pré-aposentadoria; adoecidos, muitos ainda em tratamento; bancários muito bem avaliados. Tudo para `cortar custos´ para maximizar os lucros por meio do sofrimento justamente dos que constroem o resultado do banco durante todo o ano”, acrescenta.
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A também diretora do Sindicato e bancária do Santander, Vera Marchioni, enfatiza que somente até setembro, o Santander atingiu lucro de R$ 10,8 bilhões, resultado 20,4% maior em relação ao mesmo período do ano passado. “Um banco com esse resultado não tem qualquer justificativa para demitir dessa maneira. No ano passado, na festa de final de ano, Rial desafiou os trabalhadores a alcançarem R$ 12 bilhões em 2019, resultado que será superado com folga. Ainda assim o Santander, como `prêmio´, o Santander continua demitindo. E, seguramente, Rial novamente desafiará os bancários por um resultado ainda maior em 2020. Então, nós devolvemos o desafio. Desafiamos Rial a valorizar os bancários que constroem o lucro do banco e parar de demiti-los.”
Somente com o que arrecada com tarifas, receita secundária, o Santander cobre em 199% as suas despesas com pessoal, incluindo a PLR. O Brasil segue liderando o resultado global do banco, com 29% de todo o lucro no mundo.
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Bancários protestam no Radar Santander contra demissões, na manhã desta sexta-feira. Banco não poupa nem bancária em tratamento de câncer! #SantanderPareAsDemissoes pic.twitter.com/6UNoe7Oi9j
— Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região (@spbancarios) 29 de novembro de 2019
Rotatividade
Vera lembra ainda que o banco, para cortar custos e maximizar os lucros, o Santander “ganha” com a rotatividade de funcionários.
“O banco tem a prática de demitir funcionários com salários mais altos e contratar outros com remuneração menor. Algo que contraria o próprio discurso meritocrático do Santander. O banco cobra que o bancário se qualifique, faça cursos e, quando esse esforço finalmente dá resultado e ele sobe na carreira, é demitido justamente por ter um salário mais alto”, denuncia a diretora do Sindicato.
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“Inclusive, sabemos de casos de bancários demitidos enquanto faziam curso de pós-graduação com bolsa parcial custeada pelo banco, cujo um dos critérios para ser selecionado no programa de bolsas é ser um funcionário bem avaliado. Então, é no mínimo incoerente que um funcionário bem avaliado, ao ponto de conseguir a bolsa, seja demitido. Fora o fato de que uma vez demitido, ele muito provavelmente terá de interromper os estudos”, completa.
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“Quadro adequado”
Lucimara Malaquias, diretora do Sindicato e bancária do Santander, comenta que com a abertura dos planos de demissão voluntária no Bradesco e Itaú, funcionários do Santander procuraram o Sindicato preocupados com a possiblidade de uma iniciativa semelhante no banco espanhol. “A resposta do banco foi de que não abriria um PDV porque o quadro de funcionários estava adequado. Então, se o quadro está adequado qual a razão para tantas demissões injustificadas?”, questiona.
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“Com tantas demissões perdem os bancários do Santander, cada vez mais sobrecarregados e adoecidos; os clientes, que ficam com o atendimento precarizado; e o país, que já tem uma elevada taxa de desemprego. Cobramos da direção do banco que tenha responsabilidade social, como concessão pública, e pare de demitir seus trabalhadores de forma injustificada e arbitrária. Esse foi o recado que passamos durante o ato no Radar”, conclui Lucimara.
Ouça abaixo a entrevista concedida por Lucimara Malaquias, direto do ato no Radar, à Rádio Brasil Atual.