Ao anunciar o corte de 30% das verbas de 60 universidades federais e 40 institutos federais de ensino, o ministro da Educação do governo Bolsonaro justificou dizendo que essas instituições promovem “balbúrdia”. A reação à medida, que coloca em risco a pesquisa científica e o futuro de milhões de jovens no país foi intensa, com protestos em todos os estados e uma greve nacional da educação, nesta quarta-feira 15. A greve dos professores e estudantes também é contra a reforma da Previdência, um ataque ao direito de se aposentar de milhões de trabalhadores.
> Trabalhadores da educação param quarta 15 contra reforma e cortes de verbas
> Cortes revoltam estudantes, que protestam no Rio e Bahia
Todas as centrais sindicais estarão juntas no movimento, anunciado por elas como Dia Nacional de Luta em defesa da educação e das aposentadorias, e que será uma preparação para a greve geral de 14 de junho. Ocorrerão protestos em todos o país (veja abaixo), e em São Paulo, o ato será no vão livre do Masp, na Avenida Paulista, com concentração a partir das 14h. No Rio de Janeiro, os manifestantes realizarão uma caminhada no centro da capital, da Candelária até a Central, a partir das 15h.
Ataque ao país
“O governo mira nas universidades porque as identifica como focos de resistência e oposição, mas fere de morte a democracia, o conhecimento e o futuro do país. Esse corte é um ataque brutal à pesquisa científica e consequentemente ao desenvolvimento nacional. Por isso, os bancários e outras categorias irão se unir aos professores e estudantes neste dia de luta, que também é pela manutenção do direito às aposentadorias”, destaca a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.
Ivone lembra que, ao atacar as universidades, o Brasil caminha na contramão de países desenvolvidos como a Alemanha, por exemplo, que acaba de anunciar investimentos de 160 bilhões de euros na educação, ao longo de 2021 e 2030. Ao justificar a medida, a ministra da Educação alemã disse: “Com isso estaremos garantindo a prosperidade de nosso país no longo prazo.”
“E é exatamente isso: os países desenvolvidos percebem que pesquisa resulta em avanços na medicina, avanços tecnológicos, melhoras na indústria, na agricultura e geração de empregos. Aqui estamos indo na direção contrária, acabando com o Estado, atacando a pesquisa acadêmica, atacando a Previdência pública e a seguridade social, precarizando contratos de trabalho e aumentando o desemprego e a desigualdade social. Mas vai ter resistência. Neste dia 15 estaremos nas ruas ao lado dos trabalhadores da educação, e rumo à greve geral do dia 14 de junho”, convoca Ivone Silva.
Mobilização em todo o Brasil
Secundaristas, universitários, pós-graduandos, professores e trabalhadores da Educação estarão juntos na mobilização nacional. Segundo a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Marianna Dias, a expectativa é de que a sociedade como um todo apoie e participe dos atos.
"Temos expectativa muito positiva porque a gente acha que Bolsonaro precisa entender que não é simples ignorar o clamor das ruas”, diz. "Ele vai provar o gosto da pressão popular nessa quarta-feira", acrescentou ela.
O setor da educação universitária vai parar no Brasil inteiro. Até agora já são mais de 70 universidades que confirmaram a adesão à greve e aos atos que ocorrerão em todas as capitais.
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Araújo, o corte de recursos da área "colocou lenha na fogueira" e ajudou a ampliar a adesão. "Somente juntos vamos fortalecer essa luta pelo direito social e humano a uma educação pública e de qualidade da creche à pós graduação", disse.
Confira a agenda completa de mobilizações:
SUL
Rio Grande do Sul
- Porto Alegre: Faculdade de Educação (Faced) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), às 18h.
- Caxias do Sul: Praça Dante Alighieri, no centro, às 17h30
- Viamão: centro de Viamão, às 16h
Santa Catarina
- Florianópolis: Praça Central, às 15h
- Chapecó: Praça Coronel Bertaso, no centro, às 9h30
Paraná
- Curitiba: Praça Santos Andrade, centro, às 9h, com caminhada a partir das 10h até o Centro Cívico.
Às 11h30, haverá ato em frente a prefeitura e, às 12h30, uma reunião com a bancada da Educação na Assembleia Legislativa.
SUDESTE
São Paulo
- São Paulo: Masp, na Avenida Paulista, às 14h
- Sorocaba: Praça Coronel Fernando Prestes, centro, às 9h
- São Carlos: Praça Coronel Salles, às 9h
- Campinas: Largo do Rosário, às 10h30
Minas Gerais
- Belo Horizonte: Praça da Estação, na Avenida dos Andradas, às 15h. Um pouco antes, às 14h, haverá um debate sobre a reforma da previdência na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Rio de Janeiro
- Rio de Janeiro: Candelária, na Praça Pio X, às 15h
Espírito Santo
- Vitória: Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), no campus Goiabeiras e Maruípe, às 16h30. Às 8h30 terá um ato unitário na Praça do Papa, também na capital.
CENTRO OESTE
Distrito Federal
- Brasília: Museu Nacional, às 10h
Goiás
- Goiânia: Praça Universitária, no Setor Leste, às 14h. Já por volta das 15h, os trabalhadores da educação em Goiânia farão ato público na Praça Cívica.
Mato Grosso
- Cuiabá: Praça Alencastro, às 14h, com estudantes, professores e servidores da educação.
Mato Grosso do Sul
- Campo Grande: Gramado do Pontilhão, em frente a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, às 9h.
NORTE
Amapá
- Macapá, Praça da Bandeira, 16h, com estudantes e trabalhadores da educação.
Amazonas
- Manaus: Entrada da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), às 7h e, na Praça do Congresso, às 15h.
Pará
- Belém: às 8h, na Praça da República, haverá um ato público da categoria. Mais tarde, na Praça Dom Pedro II, às 11h, os estudantes realizarão sua manifestação.
Tocantins
- Palmas: Praça dos Girassóis, na Av. Joaquim Teotônio Segurado, às 9h. No mesmo horário, trabalhadores realizarão um ato na Câmara Municipal.
Acre
- Rio Branco: Ato na Universidade Federal do Acre (Ufac), às 7h. Já às 8h terá um ato público, organizado pelos trabalhadores da educação, em frente ao Palácio Rio Branco.
NORDESTE
Maranhão
- São Luis: Ato de estudantes na vivência da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), às 11h30. Mais tarde, às 15h, na Praça Deodoro, os trabalhadores da educação farão greve e participar do ato unificado.
Piauí
- Teresina: em frente ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), às 8h, com trabalhadores em educação básica e entidades estudantis.
Alagoas
- Maceió: Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), na Avenida Fernandes Lima, às 9h.
Paraíba
- João Pessoa: Lyceu Paraibano, na Avenida Presidente Getúlio Vargas, às 9h. Um ato público também será feito, às 14h, na Assembleia Legislativa.
Sergipe
- Aracaju: 8h30, será feito um ato em frente a Câmara Municipal de Aracaju. Às 14h, uma mobilização unificada entre sindicatos e movimentos sociais, na Praça General Valadão, região central.
Ceará
- Fortaleza: Praça da Bandeira, às 8h. Será feita uma caminhada até a reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), onde terá um grande ato unificado, com estudantes e trabalhadores.
Pernambuco
- Recife: Ato no Ginásio Pernambucana da Aurora, às 15h, que sairá em caminhada até a Praça do Carmo.
Rio Grande do Norte
- Natal: às 15h, os trabalhadores junto com as universidade estarão nas ruas participando do ato unificado em frente ao Midway Mal, na Avenida Bernardo Vieira.
Bahia
- Salvador: Ato em Campo Grande, às 9h. Às 08h30 terá um ato unificado ao lado da prefeitura da capital, com a participação de professores e professoras da rede pública de municipal de Camaçari.