O Santander anunciou que áreas da SX Tools – uma das empresas criadas pelo banco espanhol para amplificar a terceirização – serão transferidas para Piracicaba. Os empregados deverão se inscrever para as vagas. Se forem selecionados, terão de se mudar para a cidade localizada no interior do Estado de São Paulo, sem nenhuma ajuda de custo.
Os funcionários não sabem o que irá ocorrer com os que recusarem a transferência. A situação está gerando muita insegurança, insatisfação e decepção. Soma-se a isto a falta de diálogo com trabalhadores sobre se gostariam de permanecer na categoria bancária ou mudar-se de cidade.
Há anos o Santander vem promovendo um intenso processo de terceirização das atividades-fim em seus centros administrativos e departamentos, o que tem motivado uma série de protestos do movimento sindical.
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“Como de praxe, todo final de ano a gestão do Santander dá alguma maldade de presente, e demonstra total ausência de preocupação com a qualidade de vidas de seus trabalhadores. Essa pressão para transferência para outra cidade desestrutura as famílias, que têm suas atividades e suas vidas já estabelecidas em São Paulo, como filhos na escola ou cônjuge trabalhando no município. Enfim, uma perversidade sem tamanho”, afirma Silmara Silva, dirigente sindical e bancária do Santander.
Dois fatores podem ser observados neste processo. O primeiro é a fragmentação da categoria bancária, uma das mais fortes e organizadas do país, e que conta com uma Convenção Coletiva de Trabalho válida em todo território nacional, instrumento que garante uma série de direitos.
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O segundo fator é que a transferência de uma empresa do grupo Santander para outra cidade pode ser uma forma de o banco burlar a tributação. Já não seria o primeiro caso – a leasing da instituição financeira esteve sediada por um tempo em Barueri, município que cobra menos ISS do que a cidade de São Paulo, onde a direção do banco está estabelecida.
“Esta situação mostra que a direção do Santander prefere terceirizar para pagar menos impostos, cortar custos trabalhistas, precarizar as relações de trabalho, desestruturar a organização da categoria e aumentar os lucros. Tudo isto reforça a ganância e a falta de respeito da direção do banco espanhol no Brasil com os trabalhadores brasileiros, que respondem por 27% do lucro global do conglomerado europeu”, afirma Silmara.
“Este processo e a atitude da gestão brasileira do Santander reforçam a importância de os bancários manterem-se associados ao Sindicato e participarem das atividades e protestos, a fim de deixar claro que são contra a terceirização. E as manifestações e atos do movimento sindical vão continuar até que o banco interrompa este movimento que desestrutura carreiras e vidas, e reduz salários e direitos.”
Silmara Silva, dirigente sindical e bancária do Santander