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Chapéu
Diversidade é 10

Técnico do Bahia faz discurso histórico sobre racismo e quebra a internet

Linha fina
Sindicato irá publicar histórias de boas práticas de respeito e valorização da diversidade. Leia, envie sua história, inspire-se, responda ao Censo e torne-se você também um Agente da Diversidade
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Foto: Reprodução

Seguindo a série de matérias inspiradoras sobre respeito e valorização da diversidade, nesta semana vamos replicar uma matéria do Portal CUT sobre o dircurso histórico contra o racismo do técnico de futebol do Bahia, que teve bastante repercussão na internet. Leia, inspire-se, responda ao Censo e torne-se você também um Agente da Diversidade.

Clique aqui para responder o questionário do III Censo da Diversidade e colabore para a construção de um setor mais justo, diverso e igualitário para todos.

Depois da história do pedreiro Joilson, que aprendeu a dançar ballet para ajudar as filhas autistas e do Coletivo Violetas, no Diversidade é 10, desta segunda-feia 14, vamos conhecer a historia do técnico Roger Machado, treinador do Bahia.

As redes sociais quebraram no fim de semana após o discurso histórico de Roger Machado, treinador do Bahia, que em uma entrevista coletiva no sábado 12, deu uma aula sobre racismo estrutural no Brasil, depois do jogo entre o Bahia e o Fluminense, no Maracanã.

Na linguagem da rede, quebrar a Internet significa que algum post, foto ou vídeo bombou ou viralizou nas redes sociais. É algo que todo mundo compartilha e espalha rapidamente na Internet.

Roger e Marcão, do Fluminense, são os dois únicos treinadores negros de times da primeira divisão do Campeonato Brasileiro. O Observatório da Discriminação Racial no Futebol, que propôs o encontro após o jogo (2 x 0 para o Fluminense), monitora ofensas raciais no ambiente esportivo.

No vídeo, Roger centrou seu discurso no racismo esportivo, denunciou o racismo estrutural, cobrou igualdade de oportunidades para pessoas negras ascenderem na carreira e refutou o mito da democracia racial no país.

“É algo que chama atenção, na medida em que a gente tem mais de 50% da população negra, a proporcionalidade que se representa não é igual. Acho que a gente tem de refletir e se questionar. Se não há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que dos brancos? Por que 70% da população carcerária é negra? Por que quem mais morre são os jovens negros? Por que os menores salários são para os negros. Por que  entre as mulheres, as que mais morrem são negras?”, questionou  Roger.  

 

A celebração na internet sobre a fala do técnico do Bahia não foi à toa. Foi a primeira vez que um técnico de futebol escancarou o racismo para a imprensa.

Ele questionou ainda a ausência de mulheres negras no esporte. “Nas conquistas pelas mulheres, por exemplo, hoje nós vemos mulheres no esporte, como você (a repórter que fez a pergunta), mas quantas mulheres negras têm comentado esporte? Nós temos que nos perguntar. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado", opinou.

Em outro ponto de sua fala, o treinador tricolor alertou também para os casos de femicídio, educação e sobre a LGBTfobia. “Na verdade, este caso que estamos tendo agora com o crescimento do feminicídio, a homofobia, preconceito racial, é um sintoma. Porque a estrutura social é racista”.

Ele ressaltou que nos últimos 15 anos houve uma reparação histórica com implementação de políticas afirmativas para a população negra. O período coincide com os governos dos ex-presidentes Lula e Dilma.

“Nos últimos 15 anos, as políticas públicas foram institucionalizadas. Resgataram a autoestima dessas populações que ao longo de muitos anos tiveram negadas as assistências básicas. Mas agora sendo retiradas. A culpa é do Estado”, disse Roger.

O treinador apontou também a ausência de técnicos negros no futebol, onde a maioria dos jogadores é negro. Para ele, isso reflete o racismo estrutural na sociedade brasileira.

“Negar e silenciar é confirmar o racismo. Eu sinto que há racismo quando eu vou ao restaurante e só tem eu de negro. Na faculdade que eu fiz, só tinha eu de negro. Isso é a prova para mim. Mas, mesmo assim, rapidamente, quando a gente fala isso, ainda tentam dizer: ‘Não há racismo, está vendo? Você está aqui’. Não, eu sou a prova de que há racismo porque só eu estou aqui.”

Conte para gente

Caso conheça alguma história inspiradora sobre o tema, você pode enviar para [email protected] ou por meio do WhatsApp (11 97593-7749). Ela pode virar uma reportagem aqui no site do Sindicato.

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