O Nubank anunciou na quinta-feira 13 lucro de US$ 829,9 milhões no terceiro trimestre de 2025, aumento de 41,4% em relação ao mesmo período de 2024, quando ganhou US$ 602 milhões.
Mesmo com este resultado expressivo, o banco anunciou a mudança no regime de home office. A alteração teve grande repercussão na mídia e é alvo de muitas críticas e indignação dos trabalhadores, que estão organizados e mobilizados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo.
“Estamos ouvindo e mobilizando os trabalhadores, e construindo a pauta de reivindicações. O resultado expressivo do Nubank foi obtido por estes funcionários, que agora recebem o anúncio de que seu regime de trabalho vai mudar profundamente e sem justificativa aparente, uma vez que o balanço da própria instituição demonstra a ampliação do lucro e da rentabilidade, além da melhora do seu índice de eficiência.”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
A dirigente enfatiza a contradição de uma instituição financeira que não se constitui como banco, que opera totalmente no digital e que não possui sequer uma agência física. E mesmo assim impõe o trabalho presencial.
Regime tributário diferenciado
Estas são apenas algumas das contradições que envolvem o Nubank, que se apresenta como “fintech”. Com isso, enquanto os bancos pagam 20% de CSLL, as fintechs pagam 9% ou 15% de alíquota, a depender dos serviços oferecidos. O governo federal, por meio da MP 1.303, quer elevar as alíquotas das fintechs de 9% para 15%, e de 15% para 20%. A medida não foi votada pela Câmara dos Deputados e perdeu a validade.
“Algumas fintechs são grandes bancos disfarçados, se apresentando como tais e que na prática ofertam os mesmos produtos e serviços, sendo inclusive maiores em alguns casos. Ainda assim pagam menos impostos que o BB, a Caixa, o Itaú ou qualquer outro banco”, ressalta Neiva.
‘Porta giratória’
Também merece destaque o ingresso dos ex-dirigentes do Banco Central Roberto Campos Neto e Otávio Damaso em cargos de liderança no Nubank.
Ambos ocuparam funções centrais no BC justamente no período em que este mais promoveu mudanças regulatórias que favoreceram o crescimento de fintechs no Brasil.
Entre essas medidas, estão o incentivo à digitalização bancária, a regulamentação do Open Finance e a criação de ambientes regulatórios experimentais.
O Sindicato denunciou o caso como um exemplo de “porta giratória”: quando agentes públicos que ocuparam posições estratégicas em órgãos reguladores migram diretamente para o setor privado, especialmente para empresas que foram objeto de sua atuação.
“Estes casos expõem as contradições de corporações como o Nubank, que se apresentam como modernas e inovadoras, mas insistem na repetição de antigas práticas de poder. O Sindicato dos Bancários de São Paulo espera seriedade e compromisso da direção do Nubank nas negociações que envolvem os trabalhadores, e o respeito a quem constrói o lucro da instituição financeira”, afirma Neiva.