O ano de 2022 no Banco do Brasil começou com a batalha travada pelos trabalhadores pela volta do home office, em meio a recordes diários de contaminações em decorrência da Covid-19, e durante um surto de gripe (Influenza H3N2). Batalha esta que ganhou contornos jurídicos – com direito a liminar concedida e cassada –, tendo em vista a negativa da direção do banco em aceitar negociar.
Mas este não foi o único ataque do governo e da direção do banco aos seus funcionários e à própria empresa pública. Veja abaixo a relação das investidas cometidas contra os trabalhadores e instituição financeira desde o início de 2021.
Banco do Brasil muda protocolos contra Covid-19 para o retorno ao trabalho presencial
Em um momento em que os casos de infecção pelo coronavírus aumentam entre os funcionários do Banco do Brasil, o movimento sindical foi surpreendido, logo na primeira semana de 2022, com a mudança unilateral e sem negociação dos protocolos de segurança contra a Covid-19 inscritos no manual para o trabalho presencial.
As alterações foram feitas ignorando compromissos da empresa registrados em acordo junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) no âmbito federal, e motivaram protestos, além de liminar na Justiça, que foi posteriormente cassada.
>Bancários do BB protestam por teletrabalho e medidas de proteção contra Covid-19
>Covid-19: Sindicato protesta contra mudança de protocolo pelo BB
BB passou a convocar funcionários do grupo de risco para o retorno ao trabalho presencial
A partir de novembro, o Banco do Brasil passou a convocar os funcionários do grupo de risco, com exceção das gestantes, para o retorno ao trabalho presencial. Nos comunicados de convocação, o BB estabeleceu o retorno gradativo nos meses de novembro e dezembro, observando os percentuais mínimos de 50% (novembro), 75% (primeira quinzena de dezembro) e 100% (até o final de dezembro).
Em reação, no dia 2 de dezembro os bancários do BB de todo o país realizaram um Dia Nacional de Luta, em protesto contra o fim do trabalho em home office e pela implementação do acordo de teletrabalho.
BB insiste na convocação ao trabalho presencial
Já em setembro, o Banco do Brasil divulgou comunicado autorizando o retorno voluntário ao trabalho presencial dos bancários de escritórios e departamentos, mesmo os não vacinados com a segunda dose, desde que não sejam grupo de risco para o coronavírus.
Após a divulgação do “convite” de retorno ao trabalho presencial para os funcionários que estão em home office, as diretorias do BB perderam o pudor e passaram a convocar funcionários a voltarem ao trabalho presencial, com ameaças e intimidações.
O Sindicato orientou aos bancários a avaliarem o retorno ao trabalho presencial mediante convocação formal dos gestores, e reforçou que o oficialmente publicado nos comunicados internos do banco é que a volta ao presencial só pode ser feita por convite e de forma voluntária. Algo diferente disso, o trabalhador deve se recusar a fazer.
Convocação de funcionários ao trabalho presencial em plena pandemia
Em meio a um dos momentos mais críticos da pandemia, em maio de 2021, diversos bancários do BB denunciaram ao Sindicato que a Vipat (Vice-presidência de Atacado) estaria chamando de volta para o trabalho presencial um contingente de pelo menos 20% do quadro de funcionários de suas diretorias.
Diante disso, o Sindicato procurou o banco para solicitar esclarecimentos. A direção da empresa informou não ser um orientação geral. E comunicou a todos os funcionários ligados à Vipat que não há convocação compulsória para volta ao trabalho presencial.
Reestruturação encolhe ainda mais o banco
Em janeiro de 2021, a direção do banco do Brasil anunciou uma restruturação que resultou na demissão de 5 mil bancários por meio de plano de demissão voluntária, fechou 361 unidades – sendo 112 agências, 7 escritórios e 242 postos de atendimento –, e descomissionou centenas de funções.
>Tire suas dúvidas sobre a reestruturação do BB
Os bancários e sindicatos reagiram ao processo de encolhimento do banco público com uma série de paralisações e protestos. Veja abaixo alguns.
>Vai ter muita luta contra a reestruturação do BB
>Bancários do Banco do Brasil fazem nova paralisação contra reestruturação
>Bancários do Banco do Brasil decidem paralisar atividades na quarta-feira 10
>Bancários do Banco do Brasil fazem protesto nacional antes da paralisação
Aumento de metas na pandemia
Sem levar em conta a fragilidade da economia, impactada pela pandemia do coronavírus, a gestão do Banco do Brasil aumentou as metas para venda de produtos no mês de março de 2021. Os funcionários relatam dificuldades para cumprir com os resultados exigidos em face do cenário atual.
Por meio de reuniões, o movimento sindical tem cobrado sistematicamente da Fenaban a suspensão das metas, dentre outros temas. Contudo, a federação dos bancos, que também representa o Banco do Brasil, tem se negado a aceitar a reivindicação.
Retenção de carteira de trabalho e negação de rescisão de contrato com ressalva
O Banco do Brasil estava convocando funcionários demissionários a irem até seus locais de trabalho para assinarem o Termo de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRTC), apesar do risco da pandemia. Bancários que apresentaram rescisão de contrato de trabalho com ressalva denunciam que alguns gestores rejeitaram o termo. Um chegou a negar a devolução da carteira de trabalho assinada.
BB atrasa reembolso do plano de saúde
Ex-funcionários do Banco do Brasil que aderiram com o código 834 (desligamento consensual) ao Programa de Adequação de Quadros aberto na mais recente reestruturação têm direito ao ressarcimento no valor do plano de saúde. Mas o Sindicato recebeu denúncias apontando que a empresa vinha atrasando este reembolso. A entidade orientou os trabalhadores a ingressarem na Comissão de Conciliação Prévia (CCP).
Negociação e protestos para denunciar situação dos incorporados
Em junho, representantes dos empregados do Banco do Brasil cobraram do novo presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, a retomada da mesa de negociação sobre os bancos incorporados pelo BB, como Nossa Caixa, BESC, BEP e o BNC.
O Acordo Coletivo de Trabalho firmado com o Banco do Brasil em 2018, e renovado em 2020, prevê a instauração de mesa de negociação para discutir as questões que afetam os funcionários de bancos incorporados, mas até hoje a direção do BB se nega a negociar.
Em face desta situação, e diante do valor da mensalidade do Economus, que praticamente triplicou para os aposentados em 2021, bancários e aposentados, em conjunto com entidades representativas, realizaram uma série de protestos, nas ruas e nas redes sociais, para cobrar respeito àquilo que a direção do banco se comprometeu em 2018 e 2020: negociação para discutir a situação dos funcionários e aposentados de bancos incorporados.
Deputado quer incluir BB no pacote de privatizações do governo
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP) apresentou na Câmara dos Deputados, em 17 de fevereiro, um Projeto de Lei (PL 461/2021) que altera a Lei 9.491 de 1997 e inclui o Banco do Brasil no Programa Nacional de Desestatização.
Nova ameaça de privatização
Em setembro de 2021, o ministro da Economia, Paulo Guedes, colocou mais uma vez o Banco do Brasil, a Petrobras e todas as demais estatais na “fila” da privatização.
“Um plano para os próximos dez anos é continuar com as privatizações. Petrobras, Banco do Brasil, todo mundo entrando na fila, sendo vendido e sendo transformado em dividendos sociais”, declarou Paulo Guedes no dia 27 de setembro, durante participação por videoconferência no encontro “O Brasil Quer Mais”, organizado pela International Chamber of Commerce (ICC).
Enfraquecimento do BB
Em reunião com o vice-presidente de varejo, Carlos Mota, e o presidente do BB, Fausto Ribeiro, um dos superintendentes regionais do banco se orgulhou que 100% das operações de crédito para pequenos agricultores é realizada em seu estado através de correspondentes bancários, e não em agências, reforçando o enfraquecimento do banco e precarização do trabalho, já que o correspondente não tem direito a todas as conquistas e direitos clausulados na Convenção Coletiva de Trabalho.
Terceirização irresponsável no BB
Dirigentes sindicais têm apurado, junto aos funcionários do Banco do Brasil, que muitas agências estão operando com correspondentes bancários executando negócios na fila de triagem na sala de autoatendimento e utilizando equipamento do banco internamente para concluir os negócios, desrespeitando uma decisão do próprio sistema financeiro oriunda do Banco Central.
BB e Cassi terceirizam atendimento de saúde mental
A parceria entre o Banco do Brasil, Cassi e a Vittude, desenvolvedora de ferramentas de inteligência artificial e atendimento psicológico on-line, sequer foi apresentada ou discutida com as equipes técnicas da Cassi, o que representa risco para a evolução do modelo baseado na Atenção Integral.
A contratação da Vittude foi realizada por debaixo dos panos, colocando em risco a proposta original do Programa Saúde Mental. A decisão de terceirizar um serviço que já existe na Cassi não foi dialogada com os associados.
Assédio moral 1
Uma das administradoras da PSO (Plataforma de Suporte Operacional), na região Sul de São Paulo, encaminhou mensagem de e-mail constrangendo e expondo o nome e a produtividade de funcionários, e também em tom de ameaça aos gerentes de módulos, por causa da reestruturação que retirou as comissões destes funcionários.
O e-mail foi enviado pouco depois que o Banco do Brasil divulgou o programa de reestruturação, pelo qual irá reduzir o salário dos colegas da PSO por meio da extinção da comissão Caixa Executivo e acabar com o compromisso da gratificação de caixa para os escriturários.
Assédio moral 2
O Sindicato e a Fetec-CUT/SP realizaram uma paralisação na agência BB Estilo do Jardim Paulistano, por ocasião de denúncias de assédio moral praticadas pelo gerente geral daquela unidade.
Tentativa de golpe na Cassi
Em um momento em que a Cassi está perdendo credenciamento – prejudicando o atendimento aos associados –, e quando a diretoria criou o plano Cassi Essencial, que retira direitos, integrantes do Conselho de Usuários, que é o órgão fiscalizador da caixa de assistência, tentou dar golpe para se manter no poder, em conluio com a direção da Cassi.
Banco do Brasil em São Paulo trata gerentes como lixo
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região recebeu denúncias de bancários do Banco do Brasil que foram vítimas de assédio moral na região Sul da área de varejo da cidade de São Paulo. Em um áudio gravado de uma videoconferência obtido pela entidade, o gerente regional culpa os gerentes de conta pelos resultados.
Presidente do Banco do Brasil visita prédio em São Paulo sem respeitar protocolos contra Covid-19
O atual presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, visitou no dia 18 de novembro um dos blocos do complexo de prédios do Centro Empresarial de São Paulo (Cenesp), na zona sul da capital paulista.
Mas além de não conversar com os funcionários do complexo a respeito das condições de trabalho, ainda promoveu aglomeração e incentivou a dispensa de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) no momento que se pede ainda cuidados em relação à pandemia de covid-19.
É fundamental se manter sindicalizado
A função do Sindicato é representar o interesse dos trabalhadores. E quanto mais força tiver a entidade, mais sucesso terá nas cobranças frente aos bancos, e no desfecho das reivindicações dos bancários. E quanto mais sucesso o Sindicato tiver, melhores serão as condições de trabalho, os direitos e a remuneração. Por isso, é fundamental se manter sindicalizado. Preencha formulário abaixo, e some forças nesta luta.